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MINHA HISTÓRIA

Sempre tinha um Swell clássico nos picos da Bahia, com vento terral e altas ondas para todos os níveis de Surf. A galera vivia no mais puro êxtase, até que o Surf começou a crescer demais, e com ele as desavenças.

Os picos ficaram crowdeados e o egoísmo tomou conta do ego dos surfistas. A vontade incontrolável de pegar mais e mais ondas, sem se importar com os outros, começou a expor os piores sentimentos da raça humana. Fora d’água os fotógrafos também passaram a lutar entre si na busca por qualquer click, a qualquer preço, desvalorizando seus próprios trabalhos. As desavenças se espalharam para além das ondas, até que Iemanjá não aguentou ver seus filhos tão longe do verdadeiro espírito do Surf e resolveu entrar em ação: parou de mandar as ondas em direção às praias. Sem onda, sem Surf. Sem Surf, sem crowd. Sem crowd, sem brigas. Simples assim!

Com isso, a Bahia ficou por um bom tempo sem o brilho do esporte dos Deuses. Sua gente, agora com a alma aprisionada em seus próprios erros, ficava olhando da areia, com remorso, toda aquela imensidão de mar sem qualquer ondulação. O que pensavam esses surfistas frustrados ao não verem nem uma marolinha para surfar? O que restava agora era bastante tempo para refletirem sobre o significado do Surf em suas vidas.

A falta foi tanta que no dia 2 de fevereiro, dia da Rainha do Mar, todos os surfistas fizeram juntos um grande ritual de agradecimento e comprometimento com a filosofia do Surf, para que Iemanjá devolvesse a honra das ondas. Eles remaram com suas pranchas até o outside levando consigo flores e perfumes numa mistura de “Havaianidade Nagô”, e com as mãos dadas em um grande círculo entoaram cânticos cheios de alegria e emoção numa clara demonstração de penitência pelos vacilos que cometeram. Naquele momento, uma aura de Axé envolveu todos os presentes emocionando a Mãe das Águas que percebeu que havia chegado a hora. Mas para devolver as ondas era preciso algo mais. Algo que fizesse essa união se perpetuar pra que o verdadeiro Espírito do Surf jamais voltasse a ser esquecido. Algo que estivesse presente na rotina dos baianos para sempre se lembrarem daquele momento de consagração.

E assim nasceu o Mutcha Onda, um veículo especializado no Surf da Bahia para fazer essa conexão energética entre a galera e o verdadeiro Espírito do Surf. Um espaço para manter unidos todos os segmentos que possuem algum comprmisso com esta essência. Um jornalzinho para nos lembrar que somos todos iguais, que a vida é agora e que o mar é para todos.

Alohaxé!

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