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Stella Maris, Patrimônio Cultural do Surf da Bahia

É provável que a praia de Stella Maris seja lembrada por surfistas do Brasil inteiro quando se fala do Surf na Bahia. Palco de grandes campeonatos que marcaram época, como as etapas do circuito brasileiro de Surf profissional dos anos 80, o pico segue atraindo eventos nacionais e internacionais e uma legião de surfistas em busca de suas ondas.
Foi nos anos 70 que a galera começou a frequentar o local. Com uma geografia peculiar, uma natureza exuberante, um rio com águas cristalinas e ondas muito consistentes, Stella Maris foi por muitos anos o refúgio daqueles que viveram a essência do romantismo que se alastrava pela cultura do Surf mundial. A notícia sobre um lugar paradisíaco e com ondas incríveis no litoral norte de Salvador se espalhou pela comunidade do Surf daquela época e, no início dos anos 80, junto com o crescimento da cidade naquela direção, a praia ganhou de vez o seu lugar entre os picos preferidos pelos surfistas baianos.

Aloísio Loro na final da Copa Sailer de Surf contra Jojó de Olivença, 1985

A cultura do Surf se instalou no local e alguns campeonatos inesquecíveis atraíram ainda mais a atenção de outros públicos interessados nas novidades e no modismo ditado pelo esporte que começava a se profissionalizar no Brasil. Nos anos de 87, 88 e 89, aconteceram as etapas baianas do recém-criado circuito brasileiro de Surf profissional, patrocinadas pela FICO, que contou com um dos maiores públicos vistos em um campeonato de Surf no Brasil, naquele período. Stella Maris chegava aos anos 90 como a praia do Surf mais conhecida da Bahia.
O sucesso produziu consequências e a praia que era um sonho por suas belezas naturais e tranquilidade começou a sofrer com a especulação imobiliária, as barracas desordenadas, o barulho e a sujeira. Parte da galera do Surf migrou para outros picos próximos que ainda eram mais preservados. Ao sul, a Corrente, o Secret, o Seper, Pedra do Sal… Ao norte, Aleluia, Ipitanga e os picos da Estrada do Côco.

Adauto Costa à vontade em casa. Foto: Ticiana Schindler

Seus três picos mais conhecidos oferecem ondas para todos os gostos e níveis de Surf.

Mas, Stella Maris nunca perdeu a essência do esporte que a projetou. A qualidade das suas ondas manteve a galera do Surf umbilicalmente ligada a ela mesmo nos momentos em que ela sofreu com o descaso e o abandono dos poderes públicos. Seus três picos mais conhecidos oferecem ondas para todos os gostos e níveis de Surf. O beach break é o mais constante e por isso recebe os campeonatos. Por ser um fundo de areia com boa extensão que ocupa a maior parte da praia, ele quase nunca fica flat e a diversão é garantida nos dias pequenos. Porém, quando encosta um swell com a direção e vento encaixados, a brincadeira fica séria e é possível que a bancada segure ondas excelentes acima dos 6’. Acima disso, as bancadas de pedras e coral que cercam o beach break é que passam a atrair a atenção da galera. Do lado sul, à direita do beach break, tem a Corrente, uma rasa e afiada bancada que quebra para os dois lados, mas que tem em suas direitas a sua grande marca. É uma onda que lembra alguns picos havaianos, guardadas as proporções, e que pode segurar ondulações acima dos 8 pés com muita qualidade. Nos dias clássicos é uma onda extensa e bastante tubular. E muito pesada! Do lado norte, um pouco mais distante do local onde rolam os campeonatos, fica o Platô. Essa onda ficou famosa quando quebrou de gala em um dos campeonatos da FICO no final dos anos 80. Com o Surf brasileiro em peso na praia, Stella mostrou ao país o potencial das ondas da Bahia. É uma esquerda que quebra sobre uma bancada de pedras e corais e vai abrindo na direção do beach break, com uma perfeição incrível. Tem uma sessão tubular e, assim como a Corrente, segura grandes ondulações. Ou seja, são 3 picos que oferecem ondas para todos os gostos.

Fico Surf Festival, 1987

Esse combo de ondas alucinantes, natureza peculiar, histórias marcantes, eventos memoráveis e a construção de uma consciência coletiva mais madura em relação à sua importância para o esporte, confere à praia de Stella Maris as credenciais para que nossa comunidade a reconheça como Patrimônio Cultural do Surf da Bahia, para que sobre ela tenhamos um olhar diferenciado, sustentável e muito mais carinhoso.
O lance é nos convencer dessa necessidade para que nossas ações sejam naturalmente contagiantes e envolvam as pessoas nesse processo. O sentimento de pertencimento já existe, as ondas continuam incríveis, os eventos acontecendo e a sua história segue viva na cabeça de todos que tiveram a oportunidade de construí-la com tanta beleza. Para o MUTCHA ONDA, a praia de Stella Maris já é um Patrimônio Cultural do Surf da Bahia. E para você?

Fico Surf Festival, 1987

STELLA HOJE

• Seguem os eventos da FBSURF, CBSURF e WSL.

• A Associação de Surf e Ecologia Stella Maris (ASESM), a Stella Surf School e a Barraca do Lôro continuam trabalhando pela promoção da cultura Surf no local.

• Stella Centro Social de Surf é a grande novidade.

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